Esquizofrenia Infantil

A esquizofrenia faz parte dos transtornos graves com limites indefinidos, costuma ser persistente ou crônico, e embora na maioria das vezes só dê indícios na adolescência ou no início da idade adulta, pode atingir também as crianças. Quando começa durante a infância, normalmente a esquizofrenia apresenta uma forma grave de transtorno e com forte caráter hereditário.

A esquizofrenia causa sempre sofrimentos intensos e bastante incompreensíveis para a pessoa atingida e para a sua família, e na infância tem sérias consequências pois abala a estrutura do contato com as coisas e consigo mesmo. Quando atinge uma criança ou adolescente pode perturbar o desenvolvimento como um todo, inclusive o funcionamento cognitivo, afetivo e social, assim como as sensações, percepção, atenção, memória, linguagem, pensamento, vontade, julgamento, emoção, entre outros.

A natureza e a gravidade das perturbações observadas variam consideravelmente de uma criança para outra, mas normalmente mantém relações discordantes com o mundo em que vivem. Comportam-se de forma estranha e incompreensível com seu meio, seja porque são incoerentes e desorganizados, seja porque manifestam crenças inverossímeis ou apresentam experiências sensoriais não usuais e experiências não compartilhadas à sua volta. Assim, o transtorno perturba a percepção da realidade da criança, assim como sua organização cognitiva, afetiva e social, perturbando a harmonia consigo mesmo e com todos a seu redor.

A esquizofrenia na infância ainda é um transtorno difícil de diagnosticar. Ao contrário da maioria dos transtornos psicopatológicos da infância é definida e diagnosticada com base nos mesmos critérios utilizados para os adultos. Logo, não existem no CID-10 ou no DSM – IV critérios diagnósticos específicos para a esquizofrenia na infância. A esquizofrenia é também muito rara na infância, mas sua prevalência aumenta rapidamente durante a adolescência.

A idade em que o transtorno manifesta-se pela primeira vez e a forma como isso acontece desempenham um papel fundamental em sua evolução e em seu prognóstico a longo prazo, o qual é bastante desfavorável quando o transtorno se inicia muito cedo, pois neste caso indica normalmente que as dificuldades são crônicas e persistirão até a fase adulta, mesmo com períodos alternados de surtos e fases de recuperação temporária.

Deborah Ramos | Psicopedagoga e Psicanalista Infantil www.deborahramos.com