Utilização de jogos na aprendizagem

De acordo com Lino Macedo (2000), os jogos possibilitam a produção de uma experiência significativa para as crianças, tanto em termos de conteúdos escolares, como no desenvolvimento de competências e habilidades.

As situações-problema com que a criança se depara nos momentos em que está jogando, possibilitam a reflexão e o aperfeiçoamento de esquemas mentais utilizados por ela. Possibilitam um aprofundamento do saber dizer, saber fazer, tomar decisões, correr riscos, antecipar, encontrar razões, enfim, aprender de uma forma significativa e autônoma.

Para se pensar em um projeto com jogos, deve-se levar em conta: objetivo, público, materiais, adaptações necessária, tempo disponível, espaço, dinâmica, papel adequado do educador, proximidade com os conteúdos escolares e aspectos metodológicos.

É necessário também que, para que se tenha um resultado satisfatório com a utilização dos jogos, haja a devida exploração do material, e a aprendizagem de suas regras por parte do aluno.

Da mesma forma, é fundamental que o educador tenha uma participação significativa neste processo. Ao jogar com a criança, deve discutir com esta sobre as diferentes soluções para vencer o mesmo desafio, bem como a importância da antecipação das jogadas. A antecipação e a organização prévia tanto no jogo como nas atividades escolares, favorece a objetividade e o ganho de tempo, permitindo tomadas de decisões mais qualificadas.

De acordo com Macedo (2000, p. 25):

Quando a criança joga e é acompanhada por um profissional que propõe análises de sua ação, descobre a importância da antecipação, do planejamento e do pensar antes de agir. Por sentir-se desafiada a vencer aprende a persistir, aprimorando-se e melhorando seu desempenho, não mais apenas como uma solicitação externa, mas principalmente como um desejo próprio de auto-superação.

A importância dos jogos é fundamentada na concepção piagetiana de educação, que considera o desenvolvimento cognitivo, como sendo um processo dependente da ação do sujeito e da sua interação com os objetos, o que neste caso se daria através da criança com o jogo.

Alguns jogos que podem ser utilizados neste processo de ensino-aprendizagem:

Boliche:

Material: Pinos de plástico e uma bola de plástico

Objetivos: Contribui para desenvolver aspectos relativos ao raciocínio lógico-matemático. Por exemplo, para contar os pontos referentes aos pinos derrubados, é necessário que a criança realize somas e subtrações. Trabalha também a coordenação motora, imprescindível para os trabalhos de escrita, e ainda os aspectos espaço-temporais ao levar em consideração simultaneamente a posição dos pinos em relação à bola, e de si próprio em relação aos pinos.

Resta 1:

O jogo Resta 1, encontrado em lojas de brinquedo, é de grande valia para o desenvolvimento da capacidade de concentração e perseverança. Desenvolve também o domínio espacial, pois é necessário articular constantemente uma peça com as demais que estão no tabuleiro. Possibilita também a antecipação das situações para jogadas adequadas. Este fator seria de grande ajuda nas atividades escolares. A criança que aprende a antecipar tem considerável melhora em seus resultados.

Imagem e Ação:

Este jogo, encontrado em lojas de brinquedos, pode ser substituído também pelo jogo de mímica. A imitação de gestos simples e complexos, utilizada nesta brincadeira exige conhecimento e domínio corporal. Ao transmitir sem palavras pensamentos ou situações, a criança organiza seu pensamento lógico refletindo, por exemplo, em um melhor desempenho nas atividades matemáticas.

Atividades de figura-fundo:

Muito encontradas nas bancas de revista, as atividades de figura-fundo, onde a criança tem que destacar objetos específicos de um todo, desenvolvem a atenção, imprescindível nos trabalhos escolares.

Cruzadinha:

Atividade simples e facilmente encontrada nas bancas de revista exige o conhecimento de letras e a formação de palavras. Através deste trabalho de signo-significado, a criança aprimora o vocabulário e exercita a correta grafia das palavras.

Jogo cara-a-cara:

Jogo encontrado nas lojas de brinquedo desenvolve a percepção, observação e também a classificação, imprescindíveis nos estudos de diferentes disciplinas.

Bolinhas de gude:

Muito adequado para o treino de somas e subtrações e a comparação de quantidades. Trabalha também a coordenação motora fina, necessária para a escrita.

Can-Can:

Jogo encontrado nas lojas de brinquedo exige a participação de um grupo, desenvolvendo relacionamentos sociais. Atua diretamente no raciocínio lógico-matemático, devido à reversibilidade de pensamento utilizada para adequadas jogadas.

Jogo da Memória:

Exige a memorização e percepção de figuras. Este desenvolvimento mental é significativo para a aprendizagem nas diversas disciplinas escolares.

Jogos de vitória ao acaso (uso de dados e roleta, pistas a percorrer…):

O ganhar e o perder são aleatórios, não dependendo da eficiência dos jogadores. São muito úteis para crianças que apresentem dificuldades em lidar com frustração, o que é sabido, tem grande influência para a má aprendizagem.

Jogos espaciais com estratégia para se chegar à vitória (damas, trilha, xadrez):

Nestes jogos é exigido da criança o planejamento das jogadas, bem como a antecipação de suas jogadas e a do colega. Para um adequado rendimento escolar, tanto o planejamento, como a antecipação e reflexão são imprescindíveis.

Quebra-cabeça:

Desenvolve a observação, concentração, percepção visual e raciocínio.

Pega-varetas:

Além de treinar a coordenação motora fina, essencial para a escrita, pode-se utilizar o momento da contagem das varetas e seus respectivos pontos para a construção de noções matemáticas por parte do aprendiz.

Tangran:

Esta espécie de quebra-cabeça tem grande utilidade nos trabalhos matemáticos com ênfase nas formas geométricas, a serem manipuladas pela criança.

Estes são apenas alguns exemplos dentre a variedade de jogos que podem ser utilizados no ambiente escolar, contribuindo grandemente para a aprendizagem. Através da experiência, o aluno tem a oportunidade de perceber e compreender os conteúdos escolares como elementos vivos e dinâmicos. Assim, o jogo enquanto recurso de ensino-aprendizagem contribui de maneira significativa para a construção crítica, prazerosa e consciente do conhecimento.

Deborah Ramos | Psicopedagoga e Psicanalista Infantil

www.deborahramos.com