A importância do brincar para a criança

1. Qual o papel do brincar no desenvolvimento da criança?

A brincadeira possibilita a produção de uma experiência significativa para as crianças, tanto em termos de conteúdos escolares, como no desenvolvimento de suas competências e habilidades. As situações-problema com que a criança se depara nos momentos em que está brincando, possibilitam a reflexão e o aperfeiçoamento de esquemas mentais utilizados por ela. Colaboram para um aprofundamento do saber dizer, saber fazer, tomar decisões, correr riscos, antecipar, encontrar razões, enfim, aprender de uma forma significativa e autônoma.

2. Quais cuidados os pais devem adotar na hora de comprar brinquedos?

Há alguns cuidados que devem ser tomados na hora de escolher o brinquedo. Selo de garantia, segurança e a adequação para a faixa etária da criança são algumas informações para as quais os pais devem ficar atentos. A escolha de um brinquedo exige sempre alguns cuidados e deve levar em consideração o gosto, o interesse, a habilidade e a limitação de cada criança.

3. O que seria um bom brinquedo? Existe brinquedo certo e errado?

O ideal seria optar sempre por brinquedos que além dentro dos padrões de qualidade e segurança, fossem também adequados à faixa etária de cada criança. Por exemplo, até os 9 meses, a criança se encontraria em uma fase em que estaria pouco a pouco descobrindo a cor, o som e a forma das coisas. Os brinquedos deveriam assim ser leves, resistentes, sem quinas ou pontas, antialérgicos, ter sons agradáveis e não soltar tinta.

Entre 1 e 2 anos de idade, as habilidades manuais e corporais começam a ser bem desenvolvidas, podendo-se dar às crianças os brinquedos de encaixe, de abrir e fechar, de empurrar, pegar, apertar e arremessar.

A partir dos 3 aos 5 anos se inicia o momento em que as crianças se interessam muito por brincadeiras de “faz-de-conta”. Assim, os pais podem optar por brinquedos que estimulem a fantasia e a criatividade de suas crianças, oferecendo brinquedos como bonecos, fantoches, livros de história, e tudo o que permita a dramatização do que observam no dia a dia do mundo adulto.

Entre os 5 e 7 anos de idade as brincadeiras em grupo passam a ganhar maior importância entre os pequenos, e os brinquedos que integrem as crianças ao ar livre e que estimulem a competição são os mais indicados nesta fase.

Os jogos de regras, envolvendo uso de raciocínio e memória começam a atrair bastante as crianças que estão iniciando a educação mais formalizada, na faixa etária dos 7 aos 9 anos. Os jogos de visualização, os quebra-cabeças, os jogos de regras simples são os mais adequados.

Estes jogos devem ir se tornando mais complexos ao longo dos anos, podendo ser gradualmente oferecidos às crianças acima de 9 anos, no sentido de estimular mais ainda o desenvolvimento intelectual das mesmas.

De maneira geral, prefira sempre os brinquedos mais educativos, capazes de estimular a coordenação motora, a inteligência, a afetividade e a socialização de seu filho.

4. Como fazer do brinquedo uma divertida brincadeira?

Os brinquedos, se oferecidos de acordo com a faixa etária e os interesses de uma criança, tenderão sempre a ser muito divertidos a estas. Os pequenos podem ficar ainda mais felizes quando os pais participam, estimulam e ajudam a coordenar estas brincadeiras. Tais momentos em família podem fazer um bem enorme não só a criança como aos pais, que aprendem a conhecer e participar mais ativamente do desenvolvimento do filho.

5. Qual a importância do “faz de conta” no desenvolvimento dos potenciais de cada criança?

O faz-de-conta é uma atividade de grande complexidade, uma atividade lúdica que desencadeia o uso da imaginação criadora da criança. Através desta brincadeira a criança pode reviver situações que lhe causam excitação, alegria, medo, tristeza, raiva e ansiedade. Ela pode, neste brinquedo mágico, expressar e trabalhar as fortes emoções muitas vezes difíceis para ela suportar. A partir de suas ações no faz de conta a criança tem a oportunidade de explorar as diferentes representações que tem destas situações difíceis, podendo melhor compreendê-las ou reorganizá-las.

6. Qual o papel do adulto? Quando e de que maneira ele deve participar da brincadeira? É possível reaprender a brincar?

O ideal é que o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações tenha sempre que possível a participação de um adulto. No entanto, o adulto deve se limitar a sugerir, estimular e explicar, sem impor sua forma de agir, para que a criança aprenda descobrindo e compreendendo, e não por simples imitação deste. Se respeitadas tais questões a brincadeira fará muito bem não só à criança como ao adulto que interage e reaprendem com estas o brincar através do compartilhar de experiências.

7. Qual a importância do universo subjetivo no momento da escolha do brinquedo e do brincar?

Muitas vezes, o significado das brincadeiras que a criança pratica reflete um caráter de defesa e projeção de sua realidade interior. De igual importancia, os brinquedos e brincadeiras escolhidas muitas vezes ajudam na resolução de possíveis conflitos internos da vida da criança. Brincando, a criança se identifica a partir da representação de papéis do mundo adulto que a cerca, e aprimora suas capacidades físicas, verbais e intelectuais, facilitando sua interação com o mundo que a cerca.

8. Brincar de que, quando e onde em uma metrópole urbana como São Paulo?

O brincar numa cidade grande e muitas vezes cheia de perigos como São Paulo, tem limitado as brincadeiras aos espaços interiores de prédios e casas com dimensões muito pequenas na maioria das vezes. O ideal é que os pais façam uso ao máximo de parques públicos como o Parque do Ibirapuera, por exemplo, permitindo que as crianças tenham liberdade de correr, pular, andar de bicicleta e se divertir em um espaço maior e em contato direto com a natureza. As escolas tem buscado também ampliar seus espaços para a prática lúdica de suas crianças, já que estas passam nestes locais, boa parte do seu dia.

9. Qual a importância dos espaços públicos e coletivos como parques e áreas de condomínios para as crianças?

Os espaços públicos como parques e grandes áreas de condomínio são boas opções para crianças que vivem em cidades grandes e muitas vezes perigosas como São Paulo. Estes espaços são de extrema importância, pois permitem que as crianças tenham estimuladas em si a imaginação e criatividade, podendo conviver, aprender, descobrir a natureza, o mundo e elas próprias.

10. Brinquedos eletrônicos, como games, robôs e outros, são prejudiciais às crianças? Por quê?

Eletrônicos ou não, o que realmente importa é a capacidade de estimulação da criatividade das crianças. Existem programas de computador e jogos que cumprem este papel, enquanto outros não. Bonecas ou carrinhos que andam sozinhos fazem barulhos sozinhos, muitas vezes não permitem um brincar criativo. Devemos sempre que possível conciliar as tecnologias com brinquedos tradicionais onde a criança tenha estas possibilidades.

11. Quando o computador e os jogos eletrônicos podem começar a fazer parte da vida das crianças?

É inevitável que cada vez mais o computador e os jogos eletrônicos façam parte do dia a dia das crianças. Ainda bem pequenas, a partir de 3 ou 4 anos podem já se interessar e demonstrar um ótimo desempenho nestes aparelhos. Estes, se bem utilizados, podem sim estimular a coordenação motora manual, a percepção visual para detalhes, e até a criatividade dos pequenos. Cabe sempre aos pais e responsáveis intermediar estas atividades, proporcionando o que há de melhor para a criança.

12. Como fazer para colocar o computador como um elemento favorável no desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças?

A tecnologia tem muito a acrescentar ao desenvolvimento cognitivo de uma criança. Existem programas educativos e jogos específicos que podem desempenhar este papel. Com os devidos cuidados de pais e educadores, as redes sociais também podem ser uma ótima ferramenta para o desenvolvimento social e emocional das crianças. O bom senso e a supervisão de um adulto devem se fazer presentes para o bom aproveitamento.

13. É muito ruim usar brinquedos e televisão para “distrair” as crianças?

O equilíbrio no uso de equipamentos como a televisão deve ser sempre presente para as crianças. Desde que assistam programas adequados a sua faixa etária, a televisão pode ser permitida em média durante duas ou três horas por dia. Além deste período o ideal é que a criança tenha tempo para se ocupar com brinquedos e outras atividades que estimulem a criatividade, já que a atitude das crianças ao assistir TV é absolutamente passiva.

14. A escola tb é lugar para brincar? É possível aprender brincando?

Sim! Como vimos, o ato de brincar é de extrema importância para o desenvolvimento de uma criança. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção, habilidades imprescindíveis para uma boa aprendizagem.

15. Qual o papel da escola para a manutenção do lúdico na vida da criança?

O papel da escola é disponibilizar em seu espaço e em suas atividades pedagógicas toda a oportunidade do brincar. Aliada de uma boa aprendizagem, os brinquedos e brincadeiras devem ocupar um local de grande importância em todo o currículo pedagógico de uma boa instituição de ensino.

16. O brincar por brincar deve ser estimulado?

Sim. O brincar é sempre saudável, principalmente quando ocorre de maneira espontânea. As crianças saudáveis procuram estar sempre brincando e se divertindo até nas atividades mais comuns, e isto é ótimo para o bom desenvolvimento delas.

17. Como evitar que o ato de consumir de forma compulsiva se torne a “diversão”?

O bom equilíbrio de uma criança depende e muito do equilíbrio e bom senso dos pais. Cabe a estes não permitir que o consumo de brinquedos seja excessivo e desnecessário. A qualidade e não a quantidade de brinquedos é o que realmente importa.

Deborah Ramos | Psicopedagoga e Psicanalista Infantil

www.deborahramos.com